sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Poesia...

...
A poesia é um lugar de tensão entre o dizível e o indizível, entre a identidade e a indefinição, cenário no qual se manifesta «a impossibilidade de que o real, entendido como a totalidade de sentidos possíveis, caiba, de uma vez por todas. na linguagem».


p 264 "A Bebedeira de Kant", David Erlich, ed. Planeta, 2024
(Santiago Kovadlof)




quarta-feira, 16 de outubro de 2024

o meu avô gonçalves

 avô Gonçalves

hoje
inesperadamente
uma luz irrompeu na minha mente

talvez sejas tu 
que estás a tentar iluminar 
os meus olhos 
os que julgavam 
que não te tinham visto até agora

todo este tempo
têm-me mostrado só uma memória
uma casa 
umas escadas de pedra
um quintal
a tua filha a cantar os fados

da Amália
(aqueles fados que ela como que era a própria Amália a cantar)

e não sou só eu 
que o digo
também os que se lembram da sua voz
cristalina timbre forte
presença inconfundível

ela fez-te a vontade
(não foi para Lisboa cantar o fado)
tu que que pela tua vida boémia
bem conhecerias o mundo do fado
julgavas que tinhas razão com conhecimento

quem saberia, avô!?...

-
a tua filha encarnação
não se expandia muito
mas foste uma pessoa endinheirada
talvez por te teres aventurado
na exploração das minas de volfrâmio
do tungsténio para a guerra
...
mas a vida 
tudo isso vaporizou...

adeus avô...
talvez ainda 
voltemos a falar sobre 
muitas mais coisas da vida...


sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Tenho um livro de poesia nos preliminares do prelo...

 Há tempos escrevi a uma revista de poesia (iniciativa dum grupo de amigos) umas ´coisas` na intenção de poder ser contactado no sentido de, eventualmente, colaborar no seu conteúdo. O arrazoado que enviei seria para ser revisto...

A dado passo do cv (uma espécie difusa ...) escrevi que tinha um "livro sobre poesia" no prelo. Eu, que me julgo poeta (mas que as circunstâncias da vida me têm levado por caminhos nada poéticos), ensaio umas gatafunhadas que nem eu próprio consigo perceber onde quero chegar. Algo me conduz (talvez seja mais ocupante do banco do morto do que condutor...) e cá vou entretendo o tempo, na esperança de que ele se esqueça que tem tempo para tudo, até para nos encaminhar por caminhos que se entrecruzam e que se transformam num labirinto infinito...

...

(Mas... será que temos que seguir escrupulosamente o sentido das palavras, tal como está descrito nos dicionários? ...)

Pois...

Então ficamos assim: 

Eu tenho um livro de poesia nos preliminares do prelo.

Logo se verá no que vai dar esta intenção, quiçá absurda já que não me é reconhecida "oficialmente" competência/categoria suficiente para ser incluído nessa revista. E, também,  há editoras e editoras...

(Diga-se, outrossim, que, considerando o meu espírito lunático, não tenho feitio para aparecer aos holofotes e luzes das ribaltas...)

...



domingo, 21 de abril de 2024

talvez

 porque será
que estou tão calado
não sei

talvez 
a minha fala não
se faça ouvir

talvez o seu ondular
se perca no mar
nas ondas que eu vejo
sem lá estar

talvez 
eu não saiba falar

talvez eu
não saiba onde estou

talvez eu nem
saiba quem sou

talvez
quem sabe ¿

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

a humanidade muda



o sistema nervoso 
é planetáriocósmico

o sapiens continua
a ser sapiens
e ...
será mais sábio?!

enquanto
houver flores 'selvagens'
o prazer de viver
há-de dar sentido
à vidaexistência 

@❄
(estava às voltas com dois livros: "últimas notícias do sapiens" e "Ei vi uma flor selvagem"
e deu-me para reagir assim a um poema CLP no nosso GPL (Grupo de Poetas de Leiria) no Whatsapp.
Nesta data...)