terça-feira, 25 de agosto de 2020

imperceptível



        o poema 

        nasce quando tem de ser 

        sempre que o pensamento se distende 

        imperceptivelmente 

 

       é então que ele se abre à luz 

 

       e olha à sua volta 

       e começa a ver  

       miríades de coisas 

       que não consegue definir 

 

       começa a movimentar-se 

       irrequieto  

       a uma velocidade incomensurável 

 

       nem sempre o conseguimos alcançar 

 

       uma sensação de perda 

       fica então nas nossas mãos 

 

         e no olhar uma rosa 

         a tentar consolar-nos 

 
 

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

o tempo em segmento de recta

 Uma mensagem de Viseu


O tempo retrai-se no tempo

Traz consigo tempos de outros lugares

De outros tempos

Que passaram pelo tempo


E agora perguntam coisas antigas

E não encontro respostas

Só recordações desse tempo


Afinal não sei nada do tempo

Que me encurralou em mistérios

Que ele próprio construiu

E me leva até à cidade fria

muito quente no verão


Também ao Casal de Ribafeita

E ao largo das mães

E à rua formosa


Em aventuras de garotos

Com melões 

e o ginasta de circo ao ar livre

no cimo dum prumo alto e flexível


Deixo-me enredar por este tempo

Que finalmente me mostra

Que não é uma linha recta


Que tempo será este 

Que tanto julgamos que nos quer revelar

E afinal 

É um simples segmento de recta.


Talvez venhamos a compreender-te

Um dia

Ó tempo  ......

......


a caminho da foz

amanhece

o silêncio acorda

estremunhado

com pouco tempo

para os preparativos

duma viagem no tempo


hoje é um dia de emoções

vigorosas como o tempo


são rios que nasceram

no mesmo lugar

separaram-se em vários percursos

e agora estão a juntar-se novamente

rumo ao incógnito infinito


estão perto da foz

confiantes


é assim que tem de ser

(a caminho da Foz...há coincidências, sim...

uma pomba branca com flores muitas flores paira sobre nós, seus filhotes...)

-

um grande abraço, Carlos, pelo inspiração dos teus poemas)

terça-feira, 18 de agosto de 2020

coisas que vão ficando por aí...

agora

agora sem tempo
se não o podemos parar
um infinitésimo que seja

em que tempo estaremos
agora
não sabemos

tempo e espaço
do agora
continuamos sem perceber
como um e outro se movimentam
e interagem
com a energia da luz

e da força inimaginável
do electromagnetismo quântico


(coisas que vou escrevendo por aí…)
Jul2020

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

o enlevo da lua

nestes entardeceres
em dias de lua cheia
não consigo resistir
a tanta sedução

deixo-me enlevar

mas o senão
vem logo a seguir
sou assaltado pela nostalgia

sem perceber se sou mesmo eu
que olho a lua

afinal 
quem sou eu
não sei

um círculo vicioso
que começa no sol
que reflecte a sua luz
no meu olhar

o que sou eu 
não sei

(não sei se devia deixar aqui ou não...
na dúvida deixo...