segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

sabedoria suprema



tempo que devia ser
de frio cortante
nesta serra
às vezes nevada

manhã de sol vigoroso
a romper pelos cumes

muita água
a correr cristalina
numa azáfama eterna
de levar vida
e de brincar com as pedras
do leito dos seus rios
levadas e lagos
e fragas
com que a gravidade
salpica as veredas íngremes

seixos que cantam
e dançam
quais maestros
de pastores e pássaros

aqui andou Viriato
aqui se manifesta
imponente
a sabedoria suprema
do maestro cósmico...


Serra da Estrela, Natal de 2019
a d'almeida nunes

sábado, 28 de dezembro de 2019




apertou-se-me um nó
na garganta
não me senti à altura
de tamanha dimensão

Deus olhou-me

estava triste por mim
e senti que Ele
tinha razão
que não posso desmerecer
do privilégio de ser
sua parte
é que sou-o
e Ele é tudo


a d´almeida nunes
Ao Piódão e toda a Serra da Estrela
28-12-2019




quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

tarde em fim



sobe-se
à senhora do monte


tarde em fim

depois da tempestade
eis a bonança


sente-se o Natal

uma força inaudita
instala-se 


por todo o lado

mesmo que muitos digam
que não

a d'almeida nunes
24 Dezembro 2019
Leiria-Portugal

Mais um Natal e tudo continua na mesma




Naquele tempo
já havia Deus


eis que nasce um menino
que deveria ser
o salvador
do mundo


o homem
assim não o entendeu

por quê, Deus?!

a d´almeida nunes
24dez2019

domingo, 22 de dezembro de 2019

não vejo saída
para o caminho
que tenho vindo
a trilhar

talvez mudando de rumo

regressar  à simplicidade
daquilo que vemos
quando olhamos

sem preocupações
de saber o porquê
das coisas

talvez não seja necessário
mortificar-me
nessa demanda desumana
de compreender
as coisas

talvez só olhar
e ser capaz
de falar com as coisas

sejam infinitamente
grandes ou pequenas

e humanas
simplesmente

fazer desta filosofia
a  poesia que é
tudo o que consigo ver
e pressentir...

simplesmente...

a d' almeida nunes
21dez19 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

para ti, mãe (maria da encarnação d´almeida)




para ti, mãe
(maria da encarnação d´almeida)

é frequente reflectir
sobre o que pretendo
quando escrevo

será que tenho algo 
de interesse
para os leitores
que não só eu?!

e se assim não for
por quê escrever?!

afinal 
dou comigo a escrever
agora

para quê?!
para quem?!

porque sim
para mim
para a minha mãe


a d´almeida nunes
16dez2019



sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Para a Zaida (na morte de sua mãe)



Para a Zaida
(a sua mãe tinha acabado de morrer aos 99 anos)

houve momentos
de adeus esvoaçados
talvez a sinalizar
o regresso migratório
do pássaro pousado
no seu coração

até que esse pássaro
levantou voo

rumo a perder de vista

a d´almeida nunes
(comentário no blogue de Carlos Pires)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

devo resignar-me ?!




devo resignar-me
ao determinado
pelos desígnios
da harmonia do universo ?!

devo esperar humildemente
o fim

lentamente passa o tempo
o fim do outono está aí

devo gozar o dia que passa

a d´almeida nunes

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

À amizade pura




Enquanto a chuva
tocada a vento oeste
bate nas persianas corridas
e é noite lá fora

Não quero
deixar que o sono
me feche os olhos
antes de saudar
uns amigos
que são mais que isso

São irmãos do coração
de darem as mãos
e comerem do mesmo prato

Uma vez por mês
ao menos
vestem-se a rigor
e falam de coisas do mundo
enquanto conseguem
brincar com outras coisas
igualmente sérias

E rezamos rezamos rezamos

a d´almeida nunes
22nov2019

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

que fascínio é este?!



a vida 
já me mostrou muitas fontes

já voei com os pássaros
já me inebriei com as flores
já senti a magia dos rios

já fui absorvido
pelo calor fulgurante 
da fusão 
dos átomos dos corpos

estará a poesia
para além da harmonia
da tríade 
sonho, lucidez e vida?

que fascínio é este
que me transporta
no tempo 
para um espaço 
entre vazios?!

a d´almeida nunes

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Somos no mundo




Somos no mundo


O meu Olhar pela janela
manifesta-se presente
enquanto ELE também

Uma rosa sombreada
na brancura daquele muro branco
Pássaros espreguiçam-se em chilreios
O ar imóvel expectante
petrificado no momento

Deus Deus Deus
Aquela rosa
Este amanhecer suave
A chuva em pingos

A alegria de ouvir
o tagarelar dos netos


a d´almeida nunes
Lourais,  6-11-2019





terça-feira, 5 de novembro de 2019

aquela rosa naquele muro




mãe sempre

aquela roseira
aquele muro
agora

aquela parreira
aquele muro
outrora

a minha mãe
desorientada
perdida no seu eu

a minha avó
a tia céu
a nevitas

os tios 
em debandada
geral

o meu pai
em missão de sempre
da vontade
agora

aqui estou eu


a d´almeida nunes
nov 2019 - Lourais (e também no Casal)


quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Homo algoritmo vs Homo Deus



Homo algoritmo vs Homo Deus


o tempo quente e seco parece interminável
entrámos pelo outono dentro
e só a muito custo
o vento sul se está a mostrar:

chuva miudinha
espaçada e rala

o planeta Terra
rebela-se 
em várias dimensões

a inteligência do homem
continua a revelar-se insuficiente

e o homem começa a apelar
na opção de se substituir a Deus
ao poder incomensurável
do algoritmo

entrámos numa encruzilhada



a d´almeida nunes
outono 2019






quinta-feira, 24 de outubro de 2019

O patitas é um(o) poema




para um amigo especial
em tempo de memorar o patitas
(que só conheci pelos poemas de carlos lopes pires)


junto àquelas hortênsias
azuis
germinam espinafres
alinhados a rego

enquanto

sob o mesmo sol
o patitas
deixa saudades

em poemas
escritos com flores

a d´almeida nunes
23/24 out2019


sexta-feira, 18 de outubro de 2019

o que estou a fazer?




já vislumbro um novo dia
no fundo desta noite

o que estou a fazer
não é mais do que deixar passar os anos

não posso crer que é para isto
que estamos predestinados
para fingirmos que vivemos
sem sabermos o que é viver

talvez ocorram milagres
mas como seria 
se um dia ouvisse uma voz
que transportasse luz
e me dissesse 
que eu sou o ar e não eu?

e cá continuo
à espera dessa voz
que me diga como foi possível
eu ter deixado passar os anos

sem que ao mesmo tempo
me pergunte o que desejo 

a d´almeida nunes
18-10-2019


Onde estou eu?





já tenho setenta e dois anos
tantos quantos os ciclos solares
que me têm transformado
naquilo que sou

e que me têm transportado
até ao sítio onde estou

continuo
cada momento que passa
com mais dúvidas

o que sou eu?!
onde estou?!

a d´almeida nunes
18-10-2019




ps.: cá volto a este sítio. Afinal, entretanto, estive ausente desde 2012! ...
Tenho andado pelo meu blogue-guia (auxiliar de memória) DISPERSAMENTE

quinta-feira, 28 de março de 2019

enquanto o tempo voa

 ENQUANTO O TEMPO VOA 

  
ao ritmo dos pássaros 
ao sabor das ondas 
        [sob o olhar penetrante dos peixes 
no movimento imperceptível 
        [da Areia Branca da praia 
e na força incrível  
        [que advirá da fusão 
        [dos átomos da rocha 
 

extasiamo-nos 
até ao azul do horizonte 
com o que conseguimos 
ver 
 
quem seríamos nós 
se víssemos para além 
do que vemos¿! 
 

 
28mar19  
Areia Branca-Lourinhã 
(com o pensamento também na família Vasconcelos) 

 : 

a d`almeida nunes