(quem sou eu?! Não sei exactamente, só sei que
sou demasiado ignorante para poder ter certezas. Aquilo que digo ou que escrevo
não é mais que a minha percepção das coisas no momento do poema. E o poema é
muito simplesmente uma forma de eu tentar conversar com o universo, ele
próprio…)
-
que provação é esta?!
parece que já vivi uma vida
que já sabia tudo da vida
regressei a casa e faz-me tanta pena
não posso ouvir outras vozes
não posso sentir outras presenças
como a casa mudou tanto
os próprios vizinhos só os vejo
à janela e do lado de lá
do quintal
os tempos são de isolamento social
para que possamos continuar a respirar
e interrogamo-nos
quando e se
voltaremos a ser
eminentemente sociais
antónio d´almeida nunes – 22-03-2020
(tinha acabado de
ler o mais aclamado poeta chinês de sempre
Tao Ch´ien, que viveu entre 618-907)