terça-feira, 5 de maio de 2020

das macieiras


eis que estamos chegados a um tempo muito especial 

é o tempo que voa nas flores e rebentos que desabrocham das macieiras 

e que prossegue o seu caminho passando pelas maçãs e pelas mãos 

e que nos apela à sabedoria e paciência de saber estar no mundo 

mesmo que na ignorância de que coisa seremos um dia 
  

domingo, 19 de abril de 2020

ruminar a mente



ruminar a mente

nestes tempos
dizem os novos deuses
aos homens

não saiam de casa
porque anda aí
um papão

e o homem
deixa-se invadir
pelo medo

para não ser
hospedeiro
dum vírus
que lhe pode
tapar a respiração

deixando que a morte
o leve
não se sabe como
nem para onde

afinal
o segredo
começa a desvendar-se

e a fábula
transforma-se na realidade
cruel

o homem é o papão

sexta-feira, 17 de abril de 2020

por que é que pensamos




à medida que o tempo
se movimenta no espaço
seria crível já sabermos
que pensamos

afinal nem sequer podemos afirmar
como sócrates
que só porque julgamos que pensamos
existimos

o que é a existência
senão uma manifestação
de que o tempo se confunde
com o espaço

afinal nem devemos aceitar
definitivamente
que existimos

pois se nem sequer sabemos
por que é que pensamos

quarta-feira, 1 de abril de 2020

https://dispersamente.blogspot.com/2020/04/carlos-lopes-pires-o-seu-26-livro.html

Hoje, fui ver o que o OneDrive da minha conta tinha armazenado, já que me estava a dar a mensagem de que estava cheio. Pus-me a verificar se podia apagar "tralha" para ficar com algum espaço para uma emergência. (há muita tralha, sim, porque o "OneDrive" suga e armazena tudo o que apanha no nosso computador. Ainda bem, porque há coisas que lá ficam e, mais tarde, nos espantam)...
Encontrei este meu texto (umas palavras que eu li, fez um ano, por altura do lançamento do 26º livro de poesia de Carlos Lopes Pires).
Penso que deve ficar registado neste eu blogue:

---

No lançamento do livro de Carlos Lopes Pires
“aquele que não ouvirás mais”.


De há uns tempos a esta parte, mais precisamente desde que nos conhecemos nos Serões Literários das Cortes, que tenho dado comigo a constatar que a poesia de Carlos Lopes Pires é, também para mim, algo de transcendente, que nos transmite uma sensação complexa de simplicidade com que devemos encarar os vários aspectos e momentos da nossa vida.
Ao lermos os seus poemas somos transportados para uma dimensão que não julgava tão acessível ao comum dos mortais.
Quando se fala de Poesia poderemos, talvez, encará-la sob três aspectos:
1) O autor, acima de tudo, escreve, observando regras quase matemáticas de métrica e rima;
2) O objectivo do que se escreve é passar uma mensagem de eloquência e de cultura primorosa em todas as áreas do saber e do estar, na literatura inclusive;
3) Um poema não tem de obedecer a nenhuma forma específica nem abordar temas e questões concretas, explicitando ao leitor o que se julga que ele deverá interpretar da linha de pensamento do seu autor.
Parece-me cristalino que a poesia de Carlos Lopes Pires só pode ser enquadrada no ponto 3 anterior, ainda que ele não precise que lhe seja atribuído nenhum rótulo. A Poesia para Carlos Pires é precisamente aquilo que nos tem deixado ao longo dos anos, e, particularmente neste seu 26º livro publicado, “aquele que não ouvirás mais”.
Não quero nem me devo alongar nesta minha singela intervenção, mas não podia deixar de referir aqui e agora dois pormenores decisivos que poderão justificar o tempo que vos estou a tomar.
Assim:
Todos nós temos altos e baixos no entusiasmo como encaramos a leitura e apreciação do que se vai escrevendo na área da Poesia. Acontece até que frequentemente nos inquirimos sobre o que é de facto a Poesia de que tanto se fala ultimamente. A verdade é que muito se está a escrever a pretexto de que se trata de poesia e ficamos naquela indecisão de sabermos se a poesia é ou poderá via a ser, algum dia, enquadrável num formato dito literário. Devemos integrar a Poesia na Literatura, nos precisos termos em que tradicionalmente esta se entrincheira?
É dos compêndios académicos e da tradição clássica que a poesia é a mais antiga das formas literárias. No entanto não será a Poesia muito mais que uma forma por que a Literatura se manifesta? Não deveremos nós alargar a ideia de Poesia para além do mero uso da palavra com que se constroem textos literários?
-
Está à vista de quem me estiver a ouvir que eu não sou a pessoa indicada para dissecar esta questão.
Permitam-me, no entanto, evocar algumas reflexões que o nosso querido amigo e poeta Carlos Pires já deixou escritas e à nossa disposição.
Diz Carlos Pires num seu texto de 2017 acerca de Poesia, começando pelo título: Poesia: a revelação iluminada.
Prosseguindo: “A poesia diz o que não pode ser dito, revela o segredo e, embora este escape, a poesia  deixa no Mundo e no Outro a marca desse segredo e desse mistério.”
“Por ser um olhar de espanto iluminado ele é e traduz no poeta esse estado de encantamento, talvez de epifania ou simplesmente de revelação iluminada. É por isso que toda a poesia tende para o misticismo (ou religiosidade ou transcendência). Em grande medida creio que a poesia pode ser entendida como um diálogo, uma ligação com o Universo.”

Há que ler com atenção este texto.

Tenho que o dizer agora, não me considero um poeta na acepção tradicional/convencional do termo, mas estou a dar comigo a ensaiar a escrita de poesia – pretensiosamente, talvez – sentindo que a mensagem de Carlos Lopes Pires me está a cativar sobremaneira.
O seu estilo e forma de encarar o Homem/Natureza integrado no todo Universal estão a conseguir ser, para mim, como que uma trave mestra do edifício poético que eu imagino.
Por isso mesmo já me habituei a admitir a sua dimensão de Mestre e a minha qualidade de mero discípulo aprendiz.

Era só isto que eu queria dizer, que me sinto como que a palmilhar a luz rumo ao indefinido e com a intenção de aproveitar os anos que me poderão restar de ser terrestre para continuar com os meus ensaios poéticos nas abertas do tempo e do espaço em que me for possível situar.

Obrigado, Carlos, pela Mensagem que nos estás a conseguir transmitir duma forma decidida e contundente sob o rótulo da complexa e aparente brevidade do teu discurso poético.

Leiria, Museu do Papel e/ou Casa do Zé-Pato (S. Romão), em 23 de Março de 2019
António d´Almeida Nunes

sábado, 28 de março de 2020

A vida muito para além do Coronavírus

Muito para além do Coronavírus 2019

nestes tempos
há quem sente
que deve rezar
não com santinhos na mão
antes olhando os pássaros
e a sua maneira singela
de viver

e como é serena
alegre e despreocupada

vivem sabendo que o homem
não pode alcançá-los

quem me dera saber
onde aquele pássaro
passa a noite

A Nunes
26-03-2020

alguns de nós

 

ALGUNS DE NÓS

 
há dias que ele 
baila na minha mente 
 
diz-me que é um poema 
e que tem em si 
muitos outros 
que se estão a enredar 
numa teia intrincada 
e infindável 
 
pergunto-lhe 
a razão da sua persistência 
decidido que parece 
em se mostrar por mim 
(numa ínfima parte, embora) 
 
que alguns de nós 
têm uma missão 
a de mostrar as coisas 
simples 
que juntas e em harmonia 
são o universo 
 
mas porquê eu 
quando eu próprio 
me sinto infinitamente 
ignorante 
 
porque tu não cortas 
uma rosa 


a d´almeida nunes

fev2020

domingo, 22 de março de 2020

que provação é esta?!



 (quem sou eu?! Não sei exactamente, só sei que sou demasiado ignorante para poder ter certezas. Aquilo que digo ou que escrevo não é mais que a minha percepção das coisas no momento do poema. E o poema é muito simplesmente uma forma de eu tentar conversar com o universo, ele próprio…)
-
que provação é esta?!

parece que já vivi uma vida
que já sabia tudo da vida
regressei a casa e faz-me tanta pena
não posso ouvir outras vozes
não posso sentir outras presenças

como a casa mudou tanto
os próprios vizinhos só os vejo
à janela e do lado de lá
do quintal

os tempos são de isolamento social
para que possamos continuar a respirar
e interrogamo-nos
quando e se
voltaremos a ser
eminentemente sociais

antónio d´almeida nunes – 22-03-2020
 (tinha acabado de ler o mais aclamado poeta chinês de sempre
Tao Ch´ien, que viveu entre 618-907)

quinta-feira, 19 de março de 2020

olhemos o mundo à nossa volta



olhemos o mundo à nossa volta

um casal de pintassilgos
bebe água
no bebedouro do quintal

enquanto o homem
bebe todas as notícias
que brotam
vindas de onde vierem

os pintassilgos
mantêm-se imperturbáveis
na missão de vida
que lhes foi destinada

enquanto o homem
se declara
em estado de emergência
numa luta inesperada mas previsível
contra inimigos invisíveis

e usa todas as lanças
de que dispõe
na esperança de
que será capaz
de fazer parar o vento

nem que seja
só até nova tempestade

(e assim o homem reaprendeu a rezar...)
ada-18-03-2020

quinta-feira, 12 de março de 2020

os pardais de telhado


os pardais de telhado

hoje de manhã
vi-os a voar no quintal
felizes e descontraídos
indiferentes a quarentenas

(coisas de humanos
que não lhes mudam
a sua predisposição genética)

o tempo é de primavera
de recomeço dum novo ciclo de vida

coisas de pássaros
que não precisam de se atropelar
a fazer filas nos supermercados

só precisam de telhados
e árvores

e terra para esgaravatar

ada 12-03-2020
lourais-barreira-portugal

os pardais de telhado

 

OS PARDAIS DE TELHADO

hoje de manhã
vi-os a voar no quintal
felizes e descontraídos
indiferentes a quarentenas

(coisas de humanos
que não lhes mudam
a sua predisposição genética)

o tempo é de primavera
de recomeço dum novo ciclo de vida

coisas de pássaros
que não precisam de se atropelar
a fazer filas nos supermercados

só precisam de telhados
e árvores

e terra para esgaravatar

a d´almeida nunes
12-03-2020
lourais-barreira-portugal



terça-feira, 10 de março de 2020

o tempo é que tem tempo



Há daquelas fotografias
que nos mostram coisas
do remoto passado tempo
daquele tempo doutros tempos
daquele tempo em que éramos jovens

do mesmo tempo
em que agora
é tempo dos nossos netos

mas ao mesmo tempo
continua a ser o nosso tempo

afinal
o tempo é que tem tempo
para tudo

olhar-te no espelho
Oh tempo
deixa-nos a meditar

às vezes a sorrir

admiramo-nos de sermos tão ignorantes



neste preciso momento em que me sento à secretária
é uma e meia da manhã deste mês de março de 2020

há já vários meses que estamos confrontados com a activação dum coronavírus
que ataca as células do corpo humano
e o desorganiza

mas que talvez consiga que o homem
se solidarize numa luta global e inesperadamente humanitária

apresenta-se medonho
amedronta o mundo
e obriga os homens a tomarem medidas drásticas
que afectam implacavelmente
o desenvolvimento da economia

expectantes quanto ao rumo que esse vírus irá decidir
o homem atónito
tenta descobrir um seu antídoto

entretanto
toda a sua ciência tarda em acertar
sobre se será possível eliminá-lo

afinal as coisas vivas
são muito mais complexas
e mais fora do alcance da mente humana
do que demasiadas vezes julgamos ser sabedores

admiramo-nos de sermos tão ignorantes
quando tanto julgamos saber

não estamos a conseguir chegar ao conhecimento da origem das coisas
que são o mundo

e não sabemos se algum dia saberemos


   

quinta-feira, 5 de março de 2020

cruzar o tempo


os anos cruzam o tempo

talvez sejam ondas do mar
no seu eterno movimento

nós nelas a vogar irrequietos
fingindo que somos gaivotas

talvez na esperança vã
de que ainda vamos poder
voar

contra ventos e tempestades
apocalípticas que sejam

5mar2020
a d´almeida nunes
(escrever numa folha cheia de números)





quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Um dia quente de fevereiro

Ultimamente tenho dado comigo a escrever alguns  dos meus rascunhos poéticos no Facebook:
---


Um dia quente de fevereiro

sento-me num degrau
do jardim do meu quintal

sensação de leveza
de paz e ar puro
como se nada houvesse
da poluição de que tanto se fala

sensação de felicidade
por estar vivo
por me sentir um ente
completamente integrado no
mundo de todas as coisas

a luz irradia pelo quintal
que é um jardim também
um quintal/jardim

um casal de pintassilgos
volteia voluptuosamente
disfarçando-se com as folhas
duma tangerineira e das jovens flores
duma viburnum tinus encantada
e das cameleiras em alameda

neste momento não tenho qualquer dúvida
Deus existe e só pode ser bom

um incomensurável e eternamente amigo
de todas as coisas

-
(olhar à volta e ter pena de não ser pintor)

domingo, 23 de fevereiro de 2020

alguns de nós


há dias que ele
baila na minha mente

diz-me que é um poema
e que tem em si
muitos outros
que se estão a enredar
numa teia intrincada
e infindável

pergunto-lhe
a razão da sua persistência
decidido que parece
em se mostrar por mim
(numa ínfima parte, embora)

que alguns de nós
têm uma missão
a de mostrar as coisas
simples
que juntas e em harmonia
são o universo

mas porquê eu
quando eu próprio
me sinto infinitamente
ignorante

porque tu não cortas
uma rosa


ºººººº
(publicado aqui)

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

sou uma pedra


a um seixo granítico
(na ribeira de Rossim - Sª da Estrela)

sou uma pedra
resultado da fusão
de átomos de quartzo
feldspato e mica

tempo sem fim
rolada no leito vertiginoso
duma ribeira da serra

agora um seixo
burilado pelo tempo
chuva vento calor frio
água em torrentes

tempo tempo tempo

tanta história
tantas estórias
que tenho para contar

escutem
o meu silêncio

a d'almeida nunes
(pp daquela pedra)
dez2019 - 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Prece ao ano novo





Prece ao Ano Novo

O tempo virou outra página
parecendo querer mostrar-nos
a realidade. 


Só que esta não é o que parece.

Alguns filósofos
já nos andam a dizer isso
há muito tempo.
Mas muitos de nós
desconfiamos da filosofia.

Então que conseguiremos ler
nessa nova página? 

Mais um aviso
de que estamos a envelhecer?

Mais uma lição
para a juventude?

E nós que desejamos?:
Ser diferentes do que somos?!
Querer coisas?!

Que Deus me deixe ser eu…

Até àquela cruz no calendário!...

a  d´almeida nunes
03-01-2020 - Lourais

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020


às vezes confundo-me
vejo coisas para além
mas não sei dizer o que é


que dizer
acerca das coisas
que os nossos olhos
julgam que veem?


tanta coisa
quantos mundos!...


queria dizer algo mais
não encontro palavras


talvez amanhã 
seja outro dia!

por quê dizer o que não disse?!

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

sabedoria suprema



tempo que devia ser
de frio cortante
nesta serra
às vezes nevada

manhã de sol vigoroso
a romper pelos cumes

muita água
a correr cristalina
numa azáfama eterna
de levar vida
e de brincar com as pedras
do leito dos seus rios
levadas e lagos
e fragas
com que a gravidade
salpica as veredas íngremes

seixos que cantam
e dançam
quais maestros
de pastores e pássaros

aqui andou Viriato
aqui se manifesta
imponente
a sabedoria suprema
do maestro cósmico...


Serra da Estrela, Natal de 2019
a d'almeida nunes

sábado, 28 de dezembro de 2019




apertou-se-me um nó
na garganta
não me senti à altura
de tamanha dimensão

Deus olhou-me

estava triste por mim
e senti que Ele
tinha razão
que não posso desmerecer
do privilégio de ser
sua parte
é que sou-o
e Ele é tudo


a d´almeida nunes
Ao Piódão e toda a Serra da Estrela
28-12-2019




quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

tarde em fim



sobe-se
à senhora do monte


tarde em fim

depois da tempestade
eis a bonança


sente-se o Natal

uma força inaudita
instala-se 


por todo o lado

mesmo que muitos digam
que não

a d'almeida nunes
24 Dezembro 2019
Leiria-Portugal

Mais um Natal e tudo continua na mesma




Naquele tempo
já havia Deus


eis que nasce um menino
que deveria ser
o salvador
do mundo


o homem
assim não o entendeu

por quê, Deus?!

a d´almeida nunes
24dez2019

domingo, 22 de dezembro de 2019

não vejo saída
para o caminho
que tenho vindo
a trilhar

talvez mudando de rumo

regressar  à simplicidade
daquilo que vemos
quando olhamos

sem preocupações
de saber o porquê
das coisas

talvez não seja necessário
mortificar-me
nessa demanda desumana
de compreender
as coisas

talvez só olhar
e ser capaz
de falar com as coisas

sejam infinitamente
grandes ou pequenas

e humanas
simplesmente

fazer desta filosofia
a  poesia que é
tudo o que consigo ver
e pressentir...

simplesmente...

a d' almeida nunes
21dez19 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

para ti, mãe (maria da encarnação d´almeida)




para ti, mãe
(maria da encarnação d´almeida)

é frequente reflectir
sobre o que pretendo
quando escrevo

será que tenho algo 
de interesse
para os leitores
que não só eu?!

e se assim não for
por quê escrever?!

afinal 
dou comigo a escrever
agora

para quê?!
para quem?!

porque sim
para mim
para a minha mãe


a d´almeida nunes
16dez2019



sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Para a Zaida (na morte de sua mãe)



Para a Zaida
(a sua mãe tinha acabado de morrer aos 99 anos)

houve momentos
de adeus esvoaçados
talvez a sinalizar
o regresso migratório
do pássaro pousado
no seu coração

até que esse pássaro
levantou voo

rumo a perder de vista

a d´almeida nunes
(comentário no blogue de Carlos Pires)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

devo resignar-me ?!




devo resignar-me
ao determinado
pelos desígnios
da harmonia do universo ?!

devo esperar humildemente
o fim

lentamente passa o tempo
o fim do outono está aí

devo gozar o dia que passa

a d´almeida nunes

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

À amizade pura




Enquanto a chuva
tocada a vento oeste
bate nas persianas corridas
e é noite lá fora

Não quero
deixar que o sono
me feche os olhos
antes de saudar
uns amigos
que são mais que isso

São irmãos do coração
de darem as mãos
e comerem do mesmo prato

Uma vez por mês
ao menos
vestem-se a rigor
e falam de coisas do mundo
enquanto conseguem
brincar com outras coisas
igualmente sérias

E rezamos rezamos rezamos

a d´almeida nunes
22nov2019

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

que fascínio é este?!



a vida 
já me mostrou muitas fontes

já voei com os pássaros
já me inebriei com as flores
já senti a magia dos rios

já fui absorvido
pelo calor fulgurante 
da fusão 
dos átomos dos corpos

estará a poesia
para além da harmonia
da tríade 
sonho, lucidez e vida?

que fascínio é este
que me transporta
no tempo 
para um espaço 
entre vazios?!

a d´almeida nunes