As minhas reflexões estão assentes nos caminhos que a vida me tem levado a percorrer. E em muitas leituras (...). - (uma confissão: começa-se tardiamente a ler Lucrécio, Nietzch, Heidegger, Hegel, Holderin, Carlos L Pires, Walt Whitman, T.S.Eliot, Ezra Pound, Paul Celan... ao mesmo tempo que se olha ao micróscópio e com super telescópios o Universo e é no que dá...)
terça-feira, 5 de maio de 2020
das macieiras
domingo, 19 de abril de 2020
ruminar a mente
ruminar a mente
nestes tempos
dizem os novos deuses
aos homens
não saiam de casa
porque anda aí
um papão
e o homem
deixa-se invadir
pelo medo
para não ser
hospedeiro
dum vírus
que lhe pode
tapar a respiração
deixando que a morte
o leve
não se sabe como
nem para onde
afinal
o segredo
começa a desvendar-se
e a fábula
transforma-se na realidade
cruel
o homem é o papão
sexta-feira, 17 de abril de 2020
por que é que pensamos
à medida que o tempo
se movimenta no espaço
seria crível já sabermos
que pensamos
afinal nem sequer podemos afirmar
como sócrates
que só porque julgamos que pensamos
existimos
o que é a existência
senão uma manifestação
de que o tempo se confunde
com o espaço
afinal nem devemos aceitar
definitivamente
que existimos
pois se nem sequer sabemos
por que é que pensamos
quarta-feira, 1 de abril de 2020
https://dispersamente.blogspot.com/2020/04/carlos-lopes-pires-o-seu-26-livro.html
Encontrei este meu texto (umas palavras que eu li, fez um ano, por altura do lançamento do 26º livro de poesia de Carlos Lopes Pires).
Penso que deve ficar registado neste eu blogue:
sábado, 28 de março de 2020
A vida muito para além do Coronavírus
nestes tempos
há quem sente
que deve rezar
não com santinhos na mão
antes olhando os pássaros
e a sua maneira singela
de viver
e como é serena
alegre e despreocupada
vivem sabendo que o homem
não pode alcançá-los
quem me dera saber
onde aquele pássaro
passa a noite
A Nunes
26-03-2020
alguns de nós
ALGUNS DE NÓS
há dias que ele
baila na minha mente
diz-me que é um poema
e que tem em si
muitos outros
que se estão a enredar
numa teia intrincada
e infindável
pergunto-lhe
a razão da sua persistência
decidido que parece
em se mostrar por mim
(numa ínfima parte, embora)
que alguns de nós
têm uma missão
a de mostrar as coisas
simples
que juntas e em harmonia
são o universo
mas porquê eu
quando eu próprio
me sinto infinitamente
ignorante
porque tu não cortas
uma rosa
a d´almeida nunes
fev2020
domingo, 22 de março de 2020
que provação é esta?!
quando e se
quinta-feira, 19 de março de 2020
olhemos o mundo à nossa volta
olhemos o mundo à nossa volta
um casal de pintassilgos
bebe água
no bebedouro do quintal
enquanto o homem
bebe todas as notícias
que brotam
vindas de onde vierem
os pintassilgos
mantêm-se imperturbáveis
na missão de vida
que lhes foi destinada
enquanto o homem
se declara
em estado de emergência
numa luta inesperada mas previsível
contra inimigos invisíveis
e usa todas as lanças
de que dispõe
na esperança de
que será capaz
de fazer parar o vento
nem que seja
só até nova tempestade
(e assim o homem reaprendeu a rezar...)
ada-18-03-2020
quinta-feira, 12 de março de 2020
os pardais de telhado
os pardais de telhado
hoje de manhã
vi-os a voar no quintal
felizes e descontraídos
indiferentes a quarentenas
(coisas de humanos
que não lhes mudam
a sua predisposição genética)
o tempo é de primavera
de recomeço dum novo ciclo de vida
coisas de pássaros
que não precisam de se atropelar
a fazer filas nos supermercados
só precisam de telhados
e árvores
e terra para esgaravatar
ada 12-03-2020
lourais-barreira-portugal
os pardais de telhado
OS PARDAIS DE TELHADO
hoje de manhã
vi-os a voar no quintal
felizes e descontraídos
indiferentes a quarentenas
(coisas de humanos
que não lhes mudam
a sua predisposição genética)
o tempo é de primavera
de recomeço dum novo ciclo de vida
coisas de pássaros
que não precisam de se atropelar
a fazer filas nos supermercados
só precisam de telhados
e árvores
e terra para esgaravatar
a d´almeida nunes
12-03-2020
lourais-barreira-portugal
terça-feira, 10 de março de 2020
o tempo é que tem tempo
Há daquelas fotografias
que nos mostram coisas
do remoto passado tempo
daquele tempo doutros tempos
daquele tempo em que éramos jovens
do mesmo tempo
em que agora
é tempo dos nossos netos
mas ao mesmo tempo
continua a ser o nosso tempo
o tempo é que tem tempo
para tudo
Oh tempo
deixa-nos a meditar
às vezes a sorrir
admiramo-nos de sermos tão ignorantes
neste preciso momento em que me sento à secretária
é uma e meia da manhã deste mês de março de 2020
há já vários meses que estamos confrontados com a activação dum coronavírus
que ataca as células do corpo humano
e o desorganiza
mas que talvez consiga que o homem
se solidarize numa luta global e inesperadamente humanitária
apresenta-se medonho
amedronta o mundo
e obriga os homens a tomarem medidas drásticas
que afectam implacavelmente
o desenvolvimento da economia
expectantes quanto ao rumo que esse vírus irá decidir
o homem atónito
tenta descobrir um seu antídoto
entretanto
toda a sua ciência tarda em acertar
sobre se será possível eliminá-lo
afinal as coisas vivas
são muito mais complexas
e mais fora do alcance da mente humana
do que demasiadas vezes julgamos ser sabedores
admiramo-nos de sermos tão ignorantes
quando tanto julgamos saber
não estamos a conseguir chegar ao conhecimento da origem das coisas
que são o mundo
e não sabemos se algum dia saberemos
quinta-feira, 5 de março de 2020
cruzar o tempo
os anos cruzam o tempo
talvez sejam ondas do mar
no seu eterno movimento
nós nelas a vogar irrequietos
fingindo que somos gaivotas
talvez na esperança vã
de que ainda vamos poder
voar
contra ventos e tempestades
apocalípticas que sejam
5mar2020
a d´almeida nunes
(escrever numa folha cheia de números)
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020
Um dia quente de fevereiro
---
Um dia quente de fevereiro
sento-me num degrau
do jardim do meu quintal
sensação de leveza
de paz e ar puro
como se nada houvesse
da poluição de que tanto se fala
sensação de felicidade
por estar vivo
por me sentir um ente
completamente integrado no
mundo de todas as coisas
a luz irradia pelo quintal
que é um jardim também
um quintal/jardim
um casal de pintassilgos
volteia voluptuosamente
disfarçando-se com as folhas
duma tangerineira e das jovens flores
duma viburnum tinus encantada
e das cameleiras em alameda
neste momento não tenho qualquer dúvida
Deus existe e só pode ser bom
um incomensurável e eternamente amigo
de todas as coisas
-
(olhar à volta e ter pena de não ser pintor)
domingo, 23 de fevereiro de 2020
alguns de nós
há dias que ele
baila na minha mente
diz-me que é um poema
e que tem em si
muitos outros
que se estão a enredar
numa teia intrincada
e infindável
pergunto-lhe
a razão da sua persistência
decidido que parece
em se mostrar por mim
(numa ínfima parte, embora)
que alguns de nós
têm uma missão
a de mostrar as coisas
simples
que juntas e em harmonia
são o universo
mas porquê eu
quando eu próprio
me sinto infinitamente
ignorante
porque tu não cortas
uma rosa
sexta-feira, 24 de janeiro de 2020
sou uma pedra
a um seixo granítico
(na ribeira de Rossim - Sª da Estrela)
sou uma pedra
resultado da fusão
de átomos de quartzo
feldspato e mica
tempo sem fim
rolada no leito vertiginoso
duma ribeira da serra
agora um seixo
burilado pelo tempo
chuva vento calor frio
água em torrentes
tempo tempo tempo
tanta história
tantas estórias
que tenho para contar
escutem
o meu silêncio
a d'almeida nunes
(pp daquela pedra)
dez2019 -
sexta-feira, 3 de janeiro de 2020
Prece ao ano novo
Prece ao Ano Novo
O tempo virou outra página
parecendo querer mostrar-nos
a realidade.
Só que esta não é o que parece.
Alguns filósofos
já nos andam a dizer isso
há muito tempo.
Mas muitos de nós
desconfiamos da filosofia.
Então que conseguiremos ler
nessa nova página?
Mais um aviso
de que estamos a envelhecer?
Mais uma lição
para a juventude?
E nós que desejamos?:
Ser diferentes do que somos?!
Querer coisas?!
Que Deus me deixe ser eu…
Até àquela cruz no calendário!...
quarta-feira, 1 de janeiro de 2020
às vezes confundo-me
vejo coisas para além
mas não sei dizer o que é
que dizer
acerca das coisas
que os nossos olhos
julgam que veem?
tanta coisa
quantos mundos!...
queria dizer algo mais
não encontro palavras
talvez amanhã
seja outro dia!
por quê dizer o que não disse?!
segunda-feira, 30 de dezembro de 2019
sabedoria suprema
tempo que devia ser
de frio cortante
nesta serra
às vezes nevada
manhã de sol vigoroso
a romper pelos cumes
muita água
a correr cristalina
numa azáfama eterna
de levar vida
e de brincar com as pedras
do leito dos seus rios
levadas e lagos
e fragas
com que a gravidade
salpica as veredas íngremes
seixos que cantam
e dançam
quais maestros
de pastores e pássaros
aqui andou Viriato
aqui se manifesta
imponente
a sabedoria suprema
do maestro cósmico...
Serra da Estrela, Natal de 2019
a d'almeida nunes
sábado, 28 de dezembro de 2019
na garganta
não me senti à altura
de tamanha dimensão
tinha razão
do privilégio de ser
sua parte
e Ele é tudo
a d´almeida nunes
quarta-feira, 25 de dezembro de 2019
tarde em fim
à senhora do monte
eis a bonança
instala-se
que não
24 Dezembro 2019
Leiria-Portugal
Mais um Natal e tudo continua na mesma
já havia Deus
eis que nasce um menino
que deveria ser
do mundo
o homem
por quê, Deus?!
domingo, 22 de dezembro de 2019
para o caminho
que tenho vindo
a trilhar
talvez mudando de rumo
regressar à simplicidade
daquilo que vemos
quando olhamos
sem preocupações
de saber o porquê
das coisas
talvez não seja necessário
mortificar-me
nessa demanda desumana
de compreender
as coisas
talvez só olhar
e ser capaz
de falar com as coisas
sejam infinitamente
grandes ou pequenas
e humanas
simplesmente
fazer desta filosofia
a poesia que é
tudo o que consigo ver
e pressentir...
simplesmente...
a d' almeida nunes
21dez19
segunda-feira, 16 de dezembro de 2019
para ti, mãe (maria da encarnação d´almeida)
para ti, mãe
(maria da encarnação d´almeida)
é frequente reflectir
sobre o que pretendo
quando escrevo
será que tenho algo
de interesse
para os leitores
que não só eu?!
e se assim não for
por quê escrever?!
afinal
dou comigo a escrever
agora
para quê?!
para quem?!
porque sim
para mim
para a minha mãe
a d´almeida nunes
16dez2019
sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
Para a Zaida (na morte de sua mãe)
Para a Zaida
(a sua mãe tinha acabado de morrer aos 99 anos)
houve momentos
de adeus esvoaçados
talvez a sinalizar
o regresso migratório
do pássaro pousado
no seu coração
até que esse pássaro
levantou voo
rumo a perder de vista
a d´almeida nunes
(comentário no blogue de Carlos Pires)
quinta-feira, 5 de dezembro de 2019
devo resignar-me ?!
devo resignar-me
ao determinado
pelos desígnios
da harmonia do universo ?!
devo esperar humildemente
o fim
lentamente passa o tempo
o fim do outono está aí
devo gozar o dia que passa
a d´almeida nunes
sexta-feira, 22 de novembro de 2019
À amizade pura
Enquanto a chuva
tocada a vento oeste
bate nas persianas corridas
e é noite lá fora
Não quero
deixar que o sono
me feche os olhos
antes de saudar
uns amigos
que são mais que isso
São irmãos do coração
de darem as mãos
e comerem do mesmo prato
Uma vez por mês
ao menos
vestem-se a rigor
e falam de coisas do mundo
enquanto conseguem
brincar com outras coisas
igualmente sérias
E rezamos rezamos rezamos
a d´almeida nunes
22nov2019
sexta-feira, 15 de novembro de 2019
que fascínio é este?!
a vida
já me mostrou muitas fontes
já voei com os pássaros
já me inebriei com as flores
já senti a magia dos rios
já fui absorvido
pelo calor fulgurante
da fusão
dos átomos dos corpos
estará a poesia
para além da harmonia
da tríade
sonho, lucidez e vida?
que fascínio é este
que me transporta
no tempo
para um espaço
entre vazios?!
a d´almeida nunes