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Um dia quente de fevereiro
sento-me num degrau
do jardim do meu quintal
sensação de leveza
de paz e ar puro
como se nada houvesse
da poluição de que tanto se fala
sensação de felicidade
por estar vivo
por me sentir um ente
completamente integrado no
mundo de todas as coisas
a luz irradia pelo quintal
que é um jardim também
um quintal/jardim
um casal de pintassilgos
volteia voluptuosamente
disfarçando-se com as folhas
duma tangerineira e das jovens flores
duma viburnum tinus encantada
e das cameleiras em alameda
neste momento não tenho qualquer dúvida
Deus existe e só pode ser bom
um incomensurável e eternamente amigo
de todas as coisas
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(olhar à volta e ter pena de não ser pintor)